
"Nada acontece por acaso. Isso foi planejado há muito tempo pela Secretaria de Segurança, há cerca de quatro, cinco meses, quando pedimos a presidente Dilma que o Exército ficasse no Alemão e Penha até 31 de junho de 2012, porque com isso conseguiríamos entrar na Rocinha", afirmou o governador Sérgio Cabral ao chegar ao 23º BPM (Leblon) nesta manhã.
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que o objetivo da ação era evitar confrontos. "O nosso objetivo era devolver aquele território à população e isso foi feito. Se chegou nesse local há muito pouco tempo, mas o mais importante é que foi sem disparar um tiro, sem derramar uma gota de sangue de seja lá quem for", ressaltou . E completou: "Esse trabalho começou e não tem data para encerrar. É a libertação do jugo do fuzil".
A chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, disse que a Operação Choque de Paz devolveu o território aos moradores. A delegada fez um apelo aos moradores para que continuem ajudando a polícia, fazendo denúncias sobre possíveis criminosos que ainda estejam nas comunidades.
"Esses moradores recebem de volta esse território. Peço às mulheres que não deixem de nos informar a localização de drogas, armas e traficantes", disse a chefe de Polícia Civil. "Mulheres da Rocinha deem informações, tragam notícias e nos permitam cada vez mais fazer essa grande varredura na devolução desse território a quem pertence, que é o povo da Rocinha."
Blindados e helicópteros
Ainda era de madrugada quando equipes, carros blindados e helicópteros começaram a movimentação para invadir a Rocinha. Moradores foram orientados a não deixar suas casas para evitar ficar um possível confronto armado entre policiais e traficantes. Mas, ao contrário do que se imaginava, a retomada do território aconteceu de forma tranquila, sem que nenhum disparo tenha sido feito.
No total, cerca de 3 mil homens participaram da operação, que contou com apoio de 6 blindados da PM ("Caveirão"), 18 blindados da Marinha, 4 helicópteros da PM e outros 3 da Polícia Civil.
Criminosos tentaram colocar barricadas e jogaram óleo na pista, mas isso não pediu a chegada das tropas ao alto do morro. Homens estrategicamente posicionados nos principais acessos da comunidade ajudaram a evitar o fogo cruzado.
“Às 4h deste domingo, uma coluna com 18 blindados e cerca de 700 homens avançou pelas vias das comunidades para começar a inserção dos homens. Às 4h30 ocorreu a chegada às comunidades, incluindo o uso de helicópteros com câmera de observação térmica. E às 6h, nossos homens informaram que todas as comunidades ocupadas já estavam sob controle", afirmou o coronel Pinheiro Neto, chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar.
Ruas interditadas
A operação contou ainda com um planejamento estratégico, que incluiu a interdição de vias importantes. Às 2h30 foram fechadas a Autoestrada Lagoa-Barra (nos dois sentidos), a Avenida Niemeyer, a Estrada do Joá, a Rua Marquês de São Vicente e a Estrada das Canoas. Todas já foram liberadas ao trânsito, mas a Polícia Rodoviária Federal mantém blitzes na Ponte Rio-Niterói para evitar a fuga de criminosos que estejam escondidos em outras comunidades.
Um dos pontos altos da operação, que segundo a Secretaria de Segurança Pública começou no dia 1º de novembro, foi a prisão do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, apontado como o chefe do tráfico na Rocinha. Ele está preso em Bangu 1 e deve ser transferido para um presídio federal, fora do Rio, em breve.
Balanço parcial
O balanço total de presos e apreensões ainda não foi divulgado. A Secretaria de Segurança Pública informou, pelo Twitter, que desde o início da operação (1º de novembro), oito suspeitos foram mortos e 34 presos, entre eles um policial militar e três civis. Sete menores foram detidos.
Ao todo, 3.086 sacolés de cocaína, 1.519 pedras de crack, 355 papelotes de cocaína e 537 trouxinhas de maconha foram apreendidos. A polícia também recolheu 33 armas e nove granadas. Só neste domingo, foram encontradas 13 armas, sendo 12 fuzis e uma submetralhadora, carregadores e munição.
Já a Polícia Civil apreendeu na Rocinha, desde o início do mês, 31 motos, 21 mil CDs e DVDs piratas, 4,5 mil peças de vestuário, 100 pares de tênis e 1,3 mil brinquedos que eram vendidos de forma irregular. Os policiais civis também encontraram rojões de artilharia antiaérea e radiotransmissores. Policiais da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) apreenderam 10 rojões utilizados para derrubar helicópteros, sendo que quatro deles já estavam prontos para uso. O material foi encontrado na Rua Umuarama, na Favela da Rocinha.
Rocinha
Localizada entre os bairros da Gávea e de São Conrado, a Rocinha tem, atualmente, 69,3 mil moradores, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que ocupam uma área de 864.052 m². A comunidade tem 3 escolas e 3 creches municipais, 1 Ciep, 11 unidades de saúde, um centro de assistência social e duas praças .De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Rocinha é a região administrativa da cidade que tem a população com menor nível de escolaridade entre todas do município do Rio de Janeiro.
Fonte: G1
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