Informações mostram que três governos militares e dois civis sabiam da morte e nunca informaram o fato à família de Ruy Carlos Berbert
Imagens até agora inéditas do corpo do guerrilheiro Ruy Carlos Vieira Berbert, desaparecido em janeiro de 1972, aos 24 anos, revelam que, por duas décadas, três governos militares e dois civis sabiam de sua morte numa cadeia de Natividade, hoje município do interior do Tocantins, e nunca informaram o fato a seus parentes.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, que liberou documentos antes mantidos em sigilo, o Estado localizou seis fotografias de Berbert morto. Uma pasta de imagens do Arquivo Nacional mostra que o Centro de Informações do Exército, principal órgão de repressão à luta armada, identificava o guerrilheiro oficialmente e de forma correta já em janeiro de 1972.
Apesar da insistente procura dos parentes, os responsáveis pelos serviços de informações dos governos dos generais Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo, e os dos presidentes civis José Sarney e Fernando Collor não informaram a existência das fotos nem confirmaram sua morte.
A família conseguiu a primeira informação oficial só em 1992, ao ter acesso a dados disponíveis a partir daquele ano pelo antigo Dops de São Paulo. Os arquivos citavam a prisão de Berbert e a possibilidade de o guerrilheiro ter se suicidado na cadeia. A suspeita, porém, é que ele tenha sido assassinado pelo regime.
À época, os parentes tiveram de confrontar a informação do Dops com o registro da morte de um certo "João Silvino Lopes" em Natividade, dado divulgado em 1979 por um general da reserva.
JTo acompanhou o caso
No dia 31 de março de 1992, o Jornal do Tocantins, através da então repórter Zelma Coelho, acompanhou a visita da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo a Natividade. O objetivo era comprovar que o guerrilheiro João Silvino Lopes, 24 anos, enterrado no cemitério da cidade, era na verdade Ruy Carlos Vieira Berbert, cuja família morava em Jales, interior paulista. A comissão se baseava em informações obtidas no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão ligado à repressão militar em São Paulo. À época, a comissão revelou que havia a suspeita de que quatro guerrilheiros tinham sido enterrados com nomes falsos na região. Com objetivo de identificar o corpo e acompanhada pelos deputados Nilmário Miranda (PT-MG) e Roberto Valadão (PMDB-ES) - da Comissão Externa de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados - e pelo perito Badan Palhares, a comissão chegou a pedir a interdição do cemitério de Natividade.
JTo acompanhou o caso
No dia 31 de março de 1992, o Jornal do Tocantins, através da então repórter Zelma Coelho, acompanhou a visita da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo a Natividade. O objetivo era comprovar que o guerrilheiro João Silvino Lopes, 24 anos, enterrado no cemitério da cidade, era na verdade Ruy Carlos Vieira Berbert, cuja família morava em Jales, interior paulista. A comissão se baseava em informações obtidas no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão ligado à repressão militar em São Paulo. À época, a comissão revelou que havia a suspeita de que quatro guerrilheiros tinham sido enterrados com nomes falsos na região. Com objetivo de identificar o corpo e acompanhada pelos deputados Nilmário Miranda (PT-MG) e Roberto Valadão (PMDB-ES) - da Comissão Externa de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados - e pelo perito Badan Palhares, a comissão chegou a pedir a interdição do cemitério de Natividade.
Fonte: Jornal do Tocantins
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