quinta-feira, 10 de maio de 2012

Em gravação, Dadá, araponga do esquema, ouve de um tal "Marcelo" que Carlinhos Cachoeira teria ajudado na eleição de Siqueira em 2010

O CT teve acesso a partes do inquérito do escândalo que envolve empresários e políticos com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Num dos diálogos gravados pela Polícia Federal, com autorização judicial, o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, apontado como araponga do grupo de Cachoeira, no dia 20 de dezembro de 2010, conversa com um tal "Marcelo" sobre o Tocantins e sobre uma suposta nomeação de um tal "Marques" para secretário de Tecnologia da Informação na Secretaria de Saúde.

Conforme resumo do diálogo feito pela Polícia Federal, Marcelo diz Carlinhos teria ajudado na eleição do governador do Tocantins. A conversa ocorreu pouco mais dois meses depois das eleições do dia 3 de utubro de 2010.

A campanha de Siqueira Campos recebeu R$ 3,8 milhões, segundo o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de pessoas e empresas com supostas ligações com Cachoeira, todas ocorridas depois das eleições de 2010. O empresário Rossine Aires Guimarães, 48 anos, apontado nas investigações da operação Monte Carlo como uma espécie de sócio de Cachoeira, doou R$ 3 milhões, no dia 15 de outubro de 2010, através de transferência eletrônica. A JM Terraplenagem e Construção doou outros R$ 500 mil no dia 27 de outubro, também por transferência eletrônica. Outra doação foi esta do empresário Marcelo Henrique Limírio, de R$ 300 mil, no dia 28 de outubro, depositado em espécie, segundo o site do TSE. Limírio é sócio de Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partigo-GO).

A TV Record chegou a divulgar que o governador Siqueira Campos esteve pessoalmente com o contraventor Carlinhos Cachoeira. O encontro veio a público quando a emissora divulgou uma conversa gravada pela Polícia Federal entre Cachoeira e Gleyber Ferreira Cruz, um dos sócios do bicheiro flagrado na Operação Monte Carlo e que também está preso. Na conversa, Cachoeira diz que tem um encontro marcado com o governador Siqueira Campos, e que essa era a hora de tratar dos assuntos envolvendo Deuselino Valadares, que na época era chefe da Polícia Federal de Goiânia e também envolvido com o bicheiro.

Siqueira e o suplente de senador Ataídes Oliveira, que teria apresentado o contraventor ao governador do Tocantins, afirmaram em nota que o encontro foi casual num prédio em Goiânia.

Fac-símile da reprodução do resumo do diálogo feito pela Polícia Federal
A doação de R$ 500 mil da JM Terraplenagem e Construção foi citada numa conversa gravada pela PF entre Cachoeira e o diretor afastado da Delta, Cláudio Abreu. O contraventor cobra de Abreu os R$ 500 mil dados à campanha de Siqueira, mas manda Abreu deixar para lá quando se lembra de que o dinheiro seria pago "com aquele trem lá", o que, supostamente, seria a entrega do serviço de inspeção veicular do Estado ao grupo.

Rossine, proprietário da Construtora Rio Tocantins (CRT), que também tem o nome de Construtora Vale do Lontra, recebeu do governo do Tocantins R$ 234.444.617,62, nas últimas três gestões - a gestão do ex-governador Marcelo Miranda, em 21 meses, desembolsou R$ 74,7 milhões; em apenas 15 meses de administração, Gaguim superou os outros dois governantes e pagou ao suposto sócio de Cachoeira R$ 140,6 milhões; e, em 2011, o governo de Siqueira Campos pagou R$ 19,1 milhões. As relações de Rossine com o governo do Tocantins estão sendo investigadas agora pelo Ministério Público Estadual.

O secretário de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos, disse que a construtora JM Terraplenagem e Construção não tem qualquer contrato com o governo.

Contudo, a principal construtora citada no esquema de Cachoeira, a Delta, foi beneficiada no ano passado com um contrato, sem licitação, de R$ 14.695.596,17 para obras em Paraíso. A contratação ocorreu através da portaria de emergência nas estradas do Tocantins. Essa contratação e de outras construtoras está sendo questionada em ação do MPE.

Tocantins na rota do bando
Conforme o site do jornal O Estado de S.Paulo, o Tocantins é um dos Estados onde empresas ligadas a Cachoeira atuavam, num esquema que movimentou pelo menos R$ 400 milhões nos últimos seis anos.

Ainda segundo O Estadão, o organograma feito pela polícia aponta que Cachoeira e outras oito pessoas do seu círculo íntimo de parentes e amigos expandiram a estrutura do grupo para além de Goiás e do entorno do Distrito Federal, onde concentraram a atuação. A maior parte das companhias ativas (30) opera em Goiás e no Distrito Federal, mas o grupo também mantém empresas em São Paulo (2), Paraná (2), Rio de Janeiro (1), Minas Gerais (1) e Tocantins (1). O grupo também já teve operações em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Estadão divulgou ainda um relatório produzido pela Receita Federal durante as investigações da Operação Monte Carlo revelando que, além dos indícios de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, a organização criminosa de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, teria acumulado um patrimônio de cerca de R$ 30 milhões. Cachoeira é um dos alvos da CPI criada pelo Congresso. Em Palmas, três salas comerciais estariam ligadas ao esquema do contraventor.

PMDB
Na consulta feita pelo CT ao site do TSE também foi constatado que o Comitê Financeiro Único do PMDB, partido do ex-governador Carlos Henrique Gaguim, recebeu, através de transferências eletrônica no dia 1º de outubro de 2010, R$ 500 mil da Construtora Vale do Lontra.

Rossine Aires Guimarães é dono de 82% das ações da empreiteira e é um dos homens apontados pela Polícia Federal em um dos inquéritos da Operação Monte Carlo como sócio de Cachoeira. O empresário também seria sócio de Gaguim.

A mesma pesquisa ainda constatou que, além dos R$ 500 mil doados pela empreiteira, o próprio empresário é duas vezes citado como doador de campanha do PMDB. Conforme o site do TSE, foram dois cheques, um de R$ 500 mil e outro de R$ 7 mil, doados ao Comitê no dia 21 de setembro de 2010. As doações de Rossine e da Construtora Vale do Lontra a Gaguim somam R$ 1,007 milhão.

Infográficos
O suposto envolvimento de Siqueira Campos com Cachoeira é citado em três infográficos de importantes sites nacionais. Ele aparece no infográfico do Globo.com, do jornal O Globo e do R7, da grupo Record.


O Ministério Público de Tocantins abriu investigação para apurar favorecimento da Delta. Em gravação, o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu diz que Eduardo Siqueira Campos, filho do governador, prometera repassar o serviço da inspeção veicular no Estado para a empresa. O governador admitiu que teve um "contato rápido" com Cachoeira, em 2010.

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