segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Expectativa frustrada causa crise imobiliária em Marabá

Após a “corrida do ouro” imobiliária e a febre de prédios comerciais, residenciais e de loteamentos, com grande especulação incentivada pela promessa de grandes investimentos em Marabá – os quais não saíram do papel –, a cidade passa por uma crise no setor de imóveis. Basta percorrer as principais ruas e avenidas dos três núcleos residenciais urbanos para constatar isso nos inúmeros prédios fechados e com placas de “vende-se” ou “aluga-se”.
E foi o que fez uma equipe do CORREIO DO TOCANTINS ao percorrer os três núcleos da cidade e constatar que na Avenida Antônio Maia, Núcleo Pioneiro; Vias Principais 07 e 08, na Nova Marabá; e Avenida Nagib Mutran, no Núcleo Cidade Nova, há muitos imóveis desocupados há meses sem que apareçam pessoas interessadas em comprá-los ou alugá-los.
Um desses prédios é comercial, fica na Avenida Antônio Maia e está fechado há cerca de seis meses. A Reportagem entrou em contato com a imobiliária responsável pelo aluguel do imóvel e levantou com a atendente, que, de início, a locação custava R$ 1.000. No entanto, devido à demora para alugar, o preço baixou para R$ 900 e, mesmo assim, ainda não foi alugado.
Estranhamente, ao ligar nos telefones anunciados nas faixas e placas fixadas nos demais imóveis fechados, a Reportagem não conseguiu contato com os responsáveis pelos prédios. As ligações quando não eram atendidas, iam parar na caixa de mensagem.
Vizinhos dos imóveis, quando indagados se sabiam sobre valor e o tempo em que os prédios estão fechados, diziam não saber informar.
Queda
De acordo com a corretora Mércia Godói Spíndola, delegada regional e fiscal do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Pará), o mercado imobiliário registrou queda nas vendas de cerca de 20% em relação ao ano passado.
Segundo ela, a incerteza quanto à instalação da Alpa (Aços Laminados do Pará) em Marabá e a não aprovação da criação do Estado do Carajás frustraram o mercado imobiliário, fazendo com que os investimentos no setor fossem refreados.
“Tudo começou com uma valorização irreal de preços dos imóveis, devido a uma expectativa criada com o plebiscito e a Alpa. Os proprietários dos imóveis aumentaram os valores acima do normal. Em consequência disso, eles saíram do mercado e não conseguiram vender o imóvel”, explica Mércia.
Para ela, ainda hoje existe uma especulação muito grande por parte dos corretores: “Isso também inviabilizou o mercado e o engessou”, afirma, acrescentando que não há possibilidade do mercado imobiliário absorver tantos produtos. “Com a lei da oferta e da procura, existem empreendimentos que estão há mais de seis meses no mercado e só chegaram a vender cinco unidades”, exemplifica.
Mércia lembra que no ano de 2009 o quadro que a cidade vivenciava era outro: “O mercado estava aquecido e os loteamentos em alta. Mas hoje o quadro está diferente”, afirma ela. A supervalorização dos imóveis e a queda nas vendas geraram um excedente de imóveis para as construtoras venderem.
“Hoje as vendas ‘mal feitas’ estão gerando inadimplência. Quem comprou na ocasião do aquecimento nas vendas, não teve a visão do que estava comprando. Se a oferta é grande tem de baixar o preço. Mas, infelizmente, isso não aconteceu. Ou você baixa para o valor real ou não faz negócio”, opina a delegada do Creci. 

Fonte: Jornal Folha do Bico e Emilly Coelho – Correio Tocantins

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