O estudante do 4.º ano de Ciências Atuariais Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, foi assassinado na noite de ontem no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), na Cidade Universitária. Ele foi baleado na cabeça por volta das 21h30, depois de assistir a uma aula de Contabilidade no câmpus do Butantã, na zona oeste.
Um guarda universitário ouviu um disparo e correu para o estacionamento da faculdade. Lá, encontrou Felipe já morto perto de seu Passat azul-marinho blindado. Um dos pés do rapaz estava dentro do carro e o resto do corpo, do lado de fora. Ao lado, havia uma chave quebrada, um celular e óculos.
Testemunhas contaram à polícia que, logo após sair da aula, Felipe foi seguido por um homem até o estacionamento. Após abordagem, o estudante entrou em luta corporal com o suposto assaltante, a ponto de quebrar uma maçaneta do veículo. Foi quando o assassino sacou a arma. Felipe ainda tentou entrar no carro blindado, mas não deu tempo. Após balear o jovem, o bandido fugiu sem levar nada.
Um guarda universitário viu um carro grande, como um utilitário, saindo do estacionamento. Há câmeras no local, mas elas não flagraram o crime.
Segundo amigos, Felipe morava com a família na região de Pirituba, zona norte da cidade, e trabalhava em uma empresa de gestão de fundos e investimentos na Avenida Brigadeiro Faria Lima. Obstinado, sonhava em crescer na vida para poder realizar seu grande sonho: ser piloto de avião. 'Ele trabalhava muito', contou a amiga Rebeca Nogueira, de 23 anos, que assistiu à aula de Contabilidade com Felipe. 'Não tô acreditando ainda que isso aconteceu.'
Sem saber que Felipe tinha sido o rapaz assassinado, ela chegou a telefonar ontem à noite para a casa dele. A mãe avisou que o filho ainda não havia voltado. Informados logo depois, os pais chegaram ao câmpus às 23h40, visivelmente transtornados. A mãe teve de ser amparada.
Tristeza. A notícia chocou não só estudantes da USP, como internautas. Por volta das 22h, redes sociais como o Twitter já traziam centenas de comentários sobre o crime e a falta de segurança na Cidade Universitária. 'Cara, eu sempre brincava com esse negócio de toma cuidado no estacionamento da FEA pra não ser sequestrado', disse um aluno. 'Precisa acontecer isso para fazerem algo', afirmou outro. Alunos também já articulavam protestos. / COLABOROU DENIZE GUEDES
PARA LEMBRAR
Em 14 de outubro de 2005, o estudante de Jornalismo Fábio Le Senechal Nanni matou o colega de classe Rafael Azevedo Forte Alves, com uma facada na Rádio USP, por uma desavença pessoal. Entre outubro e dezembro de 2002, quatro estudantes da USP foram violentadas no câmpus ou perto dele.
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