Dos 139 municípios, 72 já registram presença da droga; família é peça fundamental no combate ao entorpecente
O crescimento no número de usuários de drogas, principalmente do crack, tem alarmado a sociedade. No Tocantins, além do aumento de circulação da droga, constata-se ainda avanço do crack pelo interior do Estado, atingindo assim até os menores municípios, que não contam com estrutura adequada para combater os males provocados pelo entorpecente. A proliferação da droga foi identificada pelo Observatório do Crack e outras drogas, da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Os resultados deste raio-x foram divulgados neste mês de novembro. A pesquisa aponta que dos 139 municípios do Tocantins, 72 afirmaram que possuem circulação da droga.
O observatório detalha que, dos municípios do Estado com circulação de droga, dez identificaram o crack, 23 outras drogas, 62 crack e outras drogas e três não responderam. Destes, 26 gestores municipais falaram que o nível de consumo do crack é alto, 26 avaliaram como baixo, sendo que 44 classificaram como médio e um não identificou o nível de inserção. Para a CNM, outro dado preocupante é a quantidade de cidades que não instalou os conselhos municipais antidrogas e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para realizar o atendimento aos usuários.
O delegado chefe da Polícia Civil da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), Reginaldo de Menezes Brito, confirma o aumento do crack no Estado com a chegada em várias cidades do interior. Como medidas de contenção, ele ressalta que a polícia, através da Delegacia Especializada na Repressão a Narcóticos (Denarc), tem realizado ações como a Operação Tolerância Zero Contra o Crack. Outra novidade é a permanência de um psicólogo e um assistente social na Denarc, em Palmas, para acompanhar os casos de menores de 18 anos envolvidos com drogas. "Queremos visitar a família desse usuário, pois ela pode nos ajudar na recuperação desse jovem", argumenta. O delegado defende que a família é fundamental no combate às drogas, em destaque o crack, e, para isso, é importante manter as relações familiares. Outro ponto defendido por Brito é que a sociedade precisa denunciar os locais de venda os traficantes.
Relatos
Os danos causados pelo crack são rápidos e prejudicam a saúde e as relações sociais da pessoa que o utiliza, assim relata um ex-usuário que de 35 anos, que prefere não se identificar. Em tratamento há dois anos, ele afirma ao Jornal do Tocantins que usou crack durante 10 anos. Mas antes vieram outras drogas, como álcool e cigarro e, posteriormente, a dependência da maconha. O vício chegou cedo, aos 16 anos. "Até esse momento conseguia levar minha vida normalmente, ninguém sabia que eu usava drogas. Mas quando fiquei dependente do crack tudo mudou", detalha.O ex-usuário relata os prejuízos. "Já não conseguia manter o convívio social. Precisava usar a droga antes de ir para uma festa. Chegava lá e saía em busca de mais crack", diz. Ele afirma que a droga acabou com sua vida, pois já não conseguia manter uma boa convivência familiar e tinha pânico de estar perto de outras pessoas. Sobre o trabalho, ele relembra que já não era possível cumprir horários, e tudo que ganhava utilizava para manter o vício. "Passei por humilhações, mas não conseguia avaliar a situação. Cheguei a ser internado no Hospital Geral de Palmas (HGP) devido às consequências da droga", lembra.
Ele acrescenta que a sua família foi a grande responsável pela sua recuperação, pois foi quem o levou para o tratamento. O ex-usuário compartilha que no início do tratamento foi medicado e, com a desintoxicação, conseguiu avaliar melhor sua situação e os prejuízos que teve com o uso do crack. A relação com a religião para ele também foi importante. "Tive oportunidade de usar drogas novamente, mas não o fiz, pois é muito triste", relata. Ele é atendido pelo Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps AD) de Palmas.
Outro depoimento vem de um pai de família, casado, 40 anos, duas filhas e dois netos. O crack causou a mesma devastação em sua vida. Ele explica que está há um ano sem usar drogas e há dois em tratamento, chegou a ser internado por quatro meses em uma clínica, em São Paulo. "Minha família sofreu muito, mas eles me apoiaram, entenderam e foram fundamentais na minha recuperação. Porém, mato um leão por dia. Não é fácil", pontua. Ele começou com o uso da maconha, passou pela cocaína e ficou dependente do crack.
Hoje, ainda em tratamento no CAPS AD da Capital, ele frisa que voltou para o trabalho, pratica esportes e mantém um bom convívio familiar. Porém, ele diz que evita sair à noite. Em relação ao tratamento, fala que a equipe é boa e acolhedora, mas destaca que a família também precisa entender a doença e não discriminar o dependente da droga.
Pesquisa CNM
98 municípios com circulação de drogas
10 municípios com circulação de crack
23 municípios com circulação de outras drogas
62 municípios com circulação da ambas
3 municípios não responderam
Denúncia sobre drogas - Denarc
- 3218-6871
Fonte: Jornal do Tocantins
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